Norman Casari era uma das figurinhas carimbadas do automobilismo brasileiro nos idos de 1972. O paulista radicado no Rio de Janeiro pilotava desde 1960, tendo passado grande parte da sua carreira pilotando produtos DKW. Entre outros feitos, em 1966 tinha obtido o primeiro record brasileiro de velocidade com o Carcará, que Marinho teria se recusado a pilotar. Também fez algumas corridas de Fórmula Ford na Europa, além de ter sido um dos expoentes da curta primeira passagem da Fórmula Vê no País.
Ocorre que em 1968 Casari resolveu construir um protótipo. Casari demonstrou suas ambições em uma pequena notinha publicada na edição de outubro de 1968 da Revista Auto-Esporte: “Norman Casari resolveu modificar o antigo carro de recorde da Vemag, o “Carcará”, que adquiriu há bastante tempo. Casari aproveitará o chassis e parte da suspensão, e o motor será um Ford brasileiro, devidamente preparado para competição.” Este foi equipado com o motor do Ford Galaxie. O bonito carro era o protótipo brasileiro mais potente da época, sem contar a carretera do Camilo Christofaro, que então estava sendo chamada de protótipo, e de qualquer forma, tinha motor Corvette estrangeiro. Casari conseguiu patrocínio da Brahma, e incorporou ao seu arsenal uma Lola T70, formando uma equipe altamente profissional, que contava também com os pilotos Jan Balder, Milton Amaral e Renato Peixoto. O primeiro conseguiu a primeira vitória do A230, no Torneio União e Disciplina, em 1971.
Apesar de todo seu potencial, o protótipo Casari teve relativamente pouca atividade durante sua vida. Por razões que nunca serão explicadas, visto que Casari faleceu em 2006, outros pilotos geralmente dirigiam o Casari, enquanto Norman pilotava a ex Lola T70 dos De Paoli. Certamente a Lola tinha mais potencial de vitória absoluta, mas era de se esperar que o criador quisesse desfrutar mais de sua criação. Um belo dia, a Lola se queimou, e a equipe Brahma entrou em colapso. Casari acabou se dedicando à Fórmula Ford, que iniciava suas atividades no Brasil no segundo semestre de 1971, deixando os protótipos de lado.
No início de 1972 estava programada uma corrida chamada Copa Paraná, que seria realizada no Autódromo de Curitiba. A prova seria disputada por protótipos nacionais, e Casari resolveu que valia a pena desenterrar seu rebento. Norman já havia corrido naquela pista com o Casari, em 1970, abandonando. Desta feita, estaria concorrendo contra carros da classe “Esporte Nacional”. Entre outro, estavam inscritos Newton Pereira com o protótipo Amato com motor Chevrolet Opala 2500, Vicente Domingues com Heve VW, e Luis Moura Brito, com um protótipo feito no Paraná, o Manta-VW. Além disso, Pumas, muitos Pumas com Jan Balder, Antonio Meirelles, Pedro Muffato, Heraldo Lopes, e Ney Faustini. O melhor carro da prova era o Casari.
A corrida de duas baterias de 25 voltas acabou sendo ganha com certa facilidade por Casari, sob chuva. No início Moura Brito perturbou um pouco, para felicidade dos 4000 paranaenses presentes, mas não agüentou o train de corrida do carro com um motor de 300 HP. Casari terminou vtorioso fazendo as 50 voltas com média de 144 km/h, e uma volta à frente de Meirelles.
Norman finalmente conseguira uma primeira vitória com seu carro. A categoria “Esporte Nacional” foi ganhando ímpeto com o passar do ano, e de fato, se organizou o primeiro campeonato da categoria, com a participação de diversos Avallone e Heves. E no ano seguinte, foi realizado em excelente campeonato da Divisão 4, com os protótipos estrangeiros banidos das corridas no Brasil. Era de se esperar que Casari se entusiasmasse com a sua vitória, e continuasse a se inscrever nas corridas, e a desenvolver o carro, quem sabe equipando-o com um motor melhor do que o do Galaxie. Ou que fosse mais fácil obter patrocínio adicional, após essa vitória. Entretanto, a vitória do Casari A230 com Norman a bordo foi a última corrida do carro, que acabou aposentado, e eventualmente destruído, levando com ele o chassis original do Carcará. Casari ainda treinou para as 3 Horas de Interlagos daquele ano, mas não largou.
Classificação da Prova de Inauguração do Circuito Misto de Curitiba
26 de março de 1972
1. Norman Casari, Casari A230 Ford, 50 v, 144 km/h
2. Antonio Meirelles, Puma VW 2000, 49v
3. Newton Pereira, Amato-Chevrolet 2500, 48v
4. Vicente Domingues, Heve VW 1799
5. Pedro Muffato, Puma VW 2000
6. Mario Antunes, AC VW
7. Luis Moura Brito, Manta-VW
Carlos de Paula é tradutor, escritor e historiador baseado em Miami
Ocorre que em 1968 Casari resolveu construir um protótipo. Casari demonstrou suas ambições em uma pequena notinha publicada na edição de outubro de 1968 da Revista Auto-Esporte: “Norman Casari resolveu modificar o antigo carro de recorde da Vemag, o “Carcará”, que adquiriu há bastante tempo. Casari aproveitará o chassis e parte da suspensão, e o motor será um Ford brasileiro, devidamente preparado para competição.” Este foi equipado com o motor do Ford Galaxie. O bonito carro era o protótipo brasileiro mais potente da época, sem contar a carretera do Camilo Christofaro, que então estava sendo chamada de protótipo, e de qualquer forma, tinha motor Corvette estrangeiro. Casari conseguiu patrocínio da Brahma, e incorporou ao seu arsenal uma Lola T70, formando uma equipe altamente profissional, que contava também com os pilotos Jan Balder, Milton Amaral e Renato Peixoto. O primeiro conseguiu a primeira vitória do A230, no Torneio União e Disciplina, em 1971.
Apesar de todo seu potencial, o protótipo Casari teve relativamente pouca atividade durante sua vida. Por razões que nunca serão explicadas, visto que Casari faleceu em 2006, outros pilotos geralmente dirigiam o Casari, enquanto Norman pilotava a ex Lola T70 dos De Paoli. Certamente a Lola tinha mais potencial de vitória absoluta, mas era de se esperar que o criador quisesse desfrutar mais de sua criação. Um belo dia, a Lola se queimou, e a equipe Brahma entrou em colapso. Casari acabou se dedicando à Fórmula Ford, que iniciava suas atividades no Brasil no segundo semestre de 1971, deixando os protótipos de lado.
No início de 1972 estava programada uma corrida chamada Copa Paraná, que seria realizada no Autódromo de Curitiba. A prova seria disputada por protótipos nacionais, e Casari resolveu que valia a pena desenterrar seu rebento. Norman já havia corrido naquela pista com o Casari, em 1970, abandonando. Desta feita, estaria concorrendo contra carros da classe “Esporte Nacional”. Entre outro, estavam inscritos Newton Pereira com o protótipo Amato com motor Chevrolet Opala 2500, Vicente Domingues com Heve VW, e Luis Moura Brito, com um protótipo feito no Paraná, o Manta-VW. Além disso, Pumas, muitos Pumas com Jan Balder, Antonio Meirelles, Pedro Muffato, Heraldo Lopes, e Ney Faustini. O melhor carro da prova era o Casari.
A corrida de duas baterias de 25 voltas acabou sendo ganha com certa facilidade por Casari, sob chuva. No início Moura Brito perturbou um pouco, para felicidade dos 4000 paranaenses presentes, mas não agüentou o train de corrida do carro com um motor de 300 HP. Casari terminou vtorioso fazendo as 50 voltas com média de 144 km/h, e uma volta à frente de Meirelles.
Norman finalmente conseguira uma primeira vitória com seu carro. A categoria “Esporte Nacional” foi ganhando ímpeto com o passar do ano, e de fato, se organizou o primeiro campeonato da categoria, com a participação de diversos Avallone e Heves. E no ano seguinte, foi realizado em excelente campeonato da Divisão 4, com os protótipos estrangeiros banidos das corridas no Brasil. Era de se esperar que Casari se entusiasmasse com a sua vitória, e continuasse a se inscrever nas corridas, e a desenvolver o carro, quem sabe equipando-o com um motor melhor do que o do Galaxie. Ou que fosse mais fácil obter patrocínio adicional, após essa vitória. Entretanto, a vitória do Casari A230 com Norman a bordo foi a última corrida do carro, que acabou aposentado, e eventualmente destruído, levando com ele o chassis original do Carcará. Casari ainda treinou para as 3 Horas de Interlagos daquele ano, mas não largou.
Classificação da Prova de Inauguração do Circuito Misto de Curitiba
26 de março de 1972
1. Norman Casari, Casari A230 Ford, 50 v, 144 km/h
2. Antonio Meirelles, Puma VW 2000, 49v
3. Newton Pereira, Amato-Chevrolet 2500, 48v
4. Vicente Domingues, Heve VW 1799
5. Pedro Muffato, Puma VW 2000
6. Mario Antunes, AC VW
7. Luis Moura Brito, Manta-VW
Carlos de Paula é tradutor, escritor e historiador baseado em Miami
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